sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Exemplo Argentino

Saiu essa semana no site globoesporte.com, uma enquete sobre o jogador mais mercenário do futebol brasileiro. A enquete foi inspirada numa pesquisa do L'equipe, da França, no qual o atacante brasileiro Robinho foi considerado o jogador mais mercenário do futebol mundial.

Mas será que os jogadores brasileiros só pensam no dinheiro? Na minha opinião sim. Para começar o salário de um jogador de futebol é uma coisa totalmente irreal dentro do mundo que vivemos. Crise mundial? Para os jogadores isso não existe.

O meia Douglas do Corinthians saiu do time para jogar em um time dos Emirados Árabes. Motivo: Garantir estabilidade para a família. Os 80 mil reais mensais que o jogador recebe não é o suficiente para isso?

Não vou tomar apenas o caso do jogador do Corinthians que poderia muito bem ir para o futebol espanhol, inglês ou italiano, devido a sua grande habilidade e categoria rara de se encontrar no Brasil, mas este é o caso de 10 em 10 jogadores no país.

Podem perguntar para qualquer garoto, qual o seu sonho para a sua carreira? A resposta vai ser: Ganhar títulos no meu time e depois ir para fora do país para ganhar minha independência econômica. Seria o jogador brasileiro mercenário desde a sua origem nas categorias de base? Sim, sim e sim.

O grande responsável para que isso ocorra, são os empresários, que graças a Lei Pelé, estão enchendo o bolso de dinheiro e deixando os clubes na dependência dos garotos agenciados por estes verdadeiros cartolas da bola. Muitos deles, possuem mais poder financeiro que a maioria dos grandes clubes do Brasil.

Os empresários atuam observando jogadores promissores, ainda na fase de 14, 15 anos, quando estes meninos não podem ter contrato com os times. Estes meninos são apresentados aos grandes clubes e caso queiram ficar com o menino, precisam ceder parte dos direitos financeiros (percentagem em uma futura venda) ao empresário que só ganha com esta ação.

Durante toda a carreira estes agentes influenciam os atletas que eles tem que ganhar cada vez mais dinheiro, sugar o clube e ir para a Europa, sem mesmo criar uma identidade com o seu clube, fazendo com que grandes ídolos sejam cada vez mais raros.

Mas por que do título ser de nossos hermanos portenhos? Vou citar dois jogadores que são exemplos de identidade com o clube. Riquelme disse ao voltar para o Boca Juniors em 2007, com 29 anos de idade, que pretendia encerrar a carreira no clube e que jogaria até de graça, aceitando receber muito menos do que quando jogava na Europa. Outro exemplo é o meia Verón do Estudiantes. O jogador atual campeão da Libertadores da América, aceitou reduzir seu saldo em 40% para poder continuar na equipe.

Não tenho os dados de quanto é a folha mensal dos principais clubes da Argentina, mas tenho a certeza que não chega nem perto dos quase cinco milhões de Corinthians e São Paulo. Um dinheiro gasto que nem sempre traz o retorno esperado.

Enquanto no Brasil, Ronaldo em fim de carreira ganha mais de um milhão de reais, Adriano e Fred beiram meio milhão, os argentinos voltam aos seus clubes por amor a camisa.

O que fazer para mudar isso? Pode ter certeza que os clubes são as maiores vitimas disso tudo. Somente uma revolução no futebol brasileiro poderia mudar isso, a começar pela mudança do comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), onde Ricardo Teixeira manda e desmanda sem limites. Esse seria o primeiro passo para o futebol brasileiro acabar com esse estigma de jogadores mercenários.